Profissionalização digital cresce entre artistas de Rap como resposta à viralização no TikTok
- viniciusarauujo

- 29 de ago.
- 2 min de leitura
Com 67% da jornada musical concentrada no digital, artistas investem em estratégias profissionais para transformar alcance em carreira, audiência em receita e arte em legado

Em um mercado cada vez mais orientado por dados e presença digital, a profissionalização tornou-se um divisor de águas para artistas que desejam transformar talento em carreira sustentável. De acordo com o estudo “O impacto das estratégias de marketing digital no cenário musical” (Santos et al., 2023), cerca de 67% da jornada do consumidor musical acontece no ambiente digital, onde plataformas como Spotify, YouTube e TikTok deixaram de ser simples vitrines para se tornarem motores que impulsionam carreiras e moldam tendências. Ignorar esse ecossistema é comprometer o alcance e o retorno da obra. Para Victor David, fundador e diretor geral da Rap Marketing, agência especializada em conectar cultura e mercado, o caminho é claro: “Se a arte já tem impacto, o que falta é estratégia para transformar esse impacto em carreira sólida, independência real e legado duradouro.”
Com raízes fincadas na cultura urbana e olhos voltados para o futuro do mercado musical, a Rap Marketing surge para ajudar na estratégia da profissionalização do Rap nacional. Inspirada por modelos internacionais como a Project 3 Agency, criada por nomes de peso como Kendrick Lamar, Dave Free e Cornell Brown, a agência brasileira aposta na conexão entre arte e gestão para fortalecer o movimento, com objetivo de dar estrutura aos artistas, valorizar suas trajetórias e transformar expressões culturais em legado. “Vivemos o Rap, sabemos os desafios e as dores de quem tenta fazer acontecer com pouco recurso e muita vontade”, afirma Victor David
A Project 3, criada em 2025, é uma empresa criativa voltada para branding, cultura e posicionamento. A iniciativa de Kendrick Lamar reforça a ideia de que, hoje, todo artista é também uma marca. “We see brands now, and one mistake can have you questioning your existence or the audience questioning your purpose”, declarou Cornell Brown, cofundador da agência. A frase sintetiza o novo cenário: reputações são construídas com estratégia e podem ruir com um deslize.
Apesar de estar entre os gêneros mais ouvidos do país e dominar as plataformas de streaming, o Rap ainda é subestimado por parte do mercado fonográfico e da publicidade. Em 2024, o setor musical brasileiro ultrapassou R$3 bilhões em arrecadação anual, segundo dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), colocando o Brasil na nona posição entre os maiores mercados musicais do mundo. O Rap movimenta narrativas, forma comunidades e cria tendências, tudo isso tem valor de marca. Profissionalizar é proteger o que foi construído e garantir que a arte se transforme em legado.
A ascensão de artistas como BK’, Filipe Ret e Tasha & Tracie evidencia uma nova dinâmica no cenário musical, onde identidade artística e estratégia de mercado caminham lado a lado. De acordo com o artigo “Do gatekeeper à fama: O impacto do marketing digital no sucesso musical” (Felício, 2025), plataformas como Spotify e TikTok deixaram de ser apenas canais de divulgação para se tornarem verdadeiros propulsores de carreira. Em 2024, impressionantes 84% das músicas que alcançaram a Billboard Global 200 já haviam viralizado no TikTok, revelando o poder dessas ferramentas na construção de relevância e alcance. Para os artistas independentes, dominar esse ecossistema digital é mais do que uma vantagem, é uma necessidade estratégica.




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